Debaixo do vento
Jardín perdido,
arena, viento, nada.
Te he conocido.
Adolfo Bioy Casares
Quando escorria um vento
Dizia-se e já se foi.
Um dia num jardim secreto
Repleto de ousadias
O vento testemunhou uma saia
Repleta de fantasias.
O segredo deixou suas pegadas
Entre vadios que não pisavam
E o frio dos pensamentos
Que não deviam.
Escorreu o que não escorria
A saia de vestir e a serventia
Tudo servia
À menina do vestido
Que do vento sabia/
Que escorria por entre seus jardins secretos
Suas frestas e fantasias.
Quis assim o diabo-destino
Duas mãos enterrarem
Sob o vento/
As saborosas maledicências
Durante um indeciso desacordo.
No jardim secreto/
No jardim secreto/
Escorria uma fantasia
Entre mãos trêmulas
Por debaixo do vento/
Quatro mãos ensaiavam
Percorrer/
Lívidas/
Por onde escorria a fantasia.
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Amor eterno
Na sexta-feira jurei amor eterno
No sábado propus-lhe casamento
No domingo nos separamos
Porque era véspera de segunda.
Deixei escapar os dias
Deixei escapar os santos
E todos os demais feriados enforcados.
Um ano inteiro se passou/
Não foi só uma sexta ou um fim de semana
Na verdade perdi o sem fim dos dias.
Foi bem no fim da vida que lhe fiz outra proposta:
Morre amanhã comigo?
Deu-me um tapa na cara na frente de nossos netos.
Todos riram e pensei em bom caduquês:
Então amanhã choro intransitivo.
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Then I Close My Eyes
(sob uma música de David Gilmour)
Enquanto o mundo se diverte
Entre atos e calafrios
O destino pune
Mal acordo/
Mal os instantâneos/
Males oblíquos à revelia
Enquanto isso.
Enquanto o mundo acorda
Teu olhar sonha sem mim
Por onde caminhará
O lençol do horizonte
A roçar sua pele azulada
Fria/
Rio entre pedras
Por onde caminhará
Fria/
Nua, as palavras.
Enquanto fecho meus olhos
Você dorme longe sem minhas palavras
Azuis/
Silêncio.
Então fecho meus olhos
Para ver o que nunca soube
Sobre encantos e partidas.
Entretanto/
Entre árvores e lilases
Coices reverberam inúteis/
Extemporâneos, enfurecidamente cegos
Azuis lábios/
Carnudos quase ensanguentados.
Enquanto o mundo se diverte
Entre atos e calafrios
Teus olhos frios
Azuis/
Tua pele/
Tua pele/
Tua pele/
Só encantos e partidas.
6 comentários:
Carlos Eduardo...
Me perdeste um tantinho...
Velhice? Morte? Amor?
Êta que trio...
Me deixaste pensando... os meus neurônios enlouqueceram!!
Beijo :-)
Anne querida,
Talvez: vida, amor e morte. Que tal este trio? Vivemos entre o nascer e o morrer e o que sobra, se sobra, um pouquinho de amor, como dizia G. Rosa, já é um descanso na loucura.
Grande beijo
Carlos Eduardo
bendito vento que te inspirou!
palavras de azulensangüentado (com trema mesmo!), rs, bjuss, M.
M,
Com vento, invento
Sem vento, tempestade. :)))
Mande notícias do mundo de lá...bon voyage!
Bj
C. Eduardo
Adoro sua poesia ousada, incoerente, inconsciente, inconsequente. Que belo jardim secreto! Lindos poemas, sempre.
Abraço,
Adriana.
Hola Carlos gracias por dejarme conocer tu sitio tan humano, coherente y sensible,me agrada, es un verdadero jardìn secreto, encantada de perderme.
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