Memento
mori
O
exato instante, momento último, com certeza único, porque jamais se repetirá. O
instante-já em que o pincel na mão firme do homem irá encontrar a tela virgem.
O momento mágico que antecede ou a queda ou a aurora. O lugar das coisas do
futuro. O tempo e o espaço eclodem no mesmo ritmo. Absolutamente, ninguém sabe
o que virá. Ancorados na iluminação das cores, a mão e seu pincel sabem sobre a
incredulidade das cores e os mistérios do encontro como se fosse o primeiro
beijo.
Penso
nas mãos dos grandes mestres à procura deste instante-já. Penso em Dalí, Van
Gogh e sua louca doçura, Rembrandt, Girotto, Sandro Botticelli, Francis Bacon,
ah, a angústia de Bacon, Klimt, e mesmo a mão de Mozart segurando um lápis
diante da pauta em branco.
Este
instante-já, tão clariceano, me atinge como um raio que fere fundo o oceano sem
fim.
A
arte por fazer, a vida por viver e a pulsão por sublimar.
Carlos
Eduardo Leal