Pintura: Medusa / Caravaggio
Outras palavras é um espaço de diálogo e intertextualidade com outros autores, escritores e leitores deste blog. Michelle aqui se lança mais uma vez, ou melhor, se lança de um botequim para seu amigo. Carlos Eduardo
Meduso-me (Notas de botequim)
A um amigo
Sorrio
Por quanto tempo vou sustentar?
Respiro tédio
Entre falas
Entre farsas
Entre falsos
Interfalos
Intervalas
Intervalos
Dentes me espreitam
Segundo após segundo
Canso
Eu ânsia
Olho para um lado
Eu ânsia
Olho para outro
Eu ânsia
Pele escorrida
Dissolvida
No osso de mim
Eu ânsia
Sem ter para onde correr
Ou gritar
Morte colada ao rosto
Santo sudário
Por quanto tempo vou sustentar?
Eu ânsia de mim
Pele esburacada
De mim
Por onde não entra ar
Meduso-me
Uso-me
Reduzo-me
Michelle Nicié
6 comentários:
Oi, Michelle. Parabéns pelo lindo poema. Visceral, triste, profundo...e de uma rara poesia.
Bj grande,
Adriana.
Adriana,
obrigada pela sua leitura.
um grande bj,
Michelle
Michelle,
Linda a sua poesia, triste mas sem ser sufocante. Dá para perceber que a palavra te faz respirar.
Bjs,
Ana Paula Gomes
Ana Paula,
você acertou na mosca sobre a palavra e a respiração. Obrigada pelo comentário.
Beijo da Michelle
Carlos Eduardo,
Obrigada pelo recado que deixou no meu blog. Interessante mesmo que para que haja música seja necessária a pausa do silêncio. Penso,inclusive, nas músicas que me levam a grandes pausas silenciosas.
Linda poesia!!!
Parabéns e sucesso
beijos
Ionita
Postar um comentário