terça-feira, 28 de abril de 2009

Outras Palavras / Meduso-me

Medusa, Caravaggio.

Pintura: Medusa / Caravaggio

Outras palavras é um espaço de diálogo e intertextualidade com outros autores, escritores e leitores deste blog. Michelle aqui se lança mais uma vez, ou melhor, se lança de um botequim para seu amigo.                                                                                    Carlos Eduardo



Meduso-me (Notas de botequim)

A um amigo

 

Sorrio

Por quanto tempo vou sustentar?

Respiro tédio

 

Entre falas

Entre farsas

Entre falsos

 

Interfalos

Intervalas

Intervalos

 

Dentes me espreitam

Segundo após segundo

Canso

 

Eu ânsia

Olho para um lado

Eu ânsia

Olho para outro

 

Eu ânsia

Pele escorrida

Dissolvida

No osso de mim

 

Eu ânsia

Sem ter para onde correr

Ou gritar

 

Morte colada ao rosto

Santo sudário

Por quanto tempo vou sustentar?

 

Eu ânsia de mim

Pele esburacada

De mim

 

Por onde não entra ar

Meduso-me

Uso-me

Reduzo-me

 

Michelle Nicié

6 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Michelle. Parabéns pelo lindo poema. Visceral, triste, profundo...e de uma rara poesia.
Bj grande,
Adriana.

Unknown disse...

Adriana,
obrigada pela sua leitura.
um grande bj,
Michelle

Ana Paula Gomes disse...

Michelle,

Linda a sua poesia, triste mas sem ser sufocante. Dá para perceber que a palavra te faz respirar.
Bjs,
Ana Paula Gomes

Unknown disse...

Ana Paula,
você acertou na mosca sobre a palavra e a respiração. Obrigada pelo comentário.
Beijo da Michelle

Nathália Reina disse...

Carlos Eduardo,

Obrigada pelo recado que deixou no meu blog. Interessante mesmo que para que haja música seja necessária a pausa do silêncio. Penso,inclusive, nas músicas que me levam a grandes pausas silenciosas.

Unknown disse...

Linda poesia!!!
Parabéns e sucesso
beijos
Ionita