terça-feira, 17 de março de 2009

outras palavras / As dobras da paixão

Tempo de reconhecimento

Talvez este seja o tempo de contar uma pequena história. Houve um tempo em que existia um grupo chamado Veredas. Era um grupo de estudos que se reunia para ler e escrever literatura (sob a batuta suave-lírica da Adriana B. Guedes) e, talvez, psicanálise (sob a escuta e o olhar deste autor). Dele faziam parte além de mim e da Adriana (que escreveu o conto Bala Perdida, publicado aqui em Outras Palavras), o Mauro, a Silvana, a Paula (que acabou de escrever aqui também em Outras Palavras  o poema Confiar. Agora chegou a vez de uma outra verediana (era assim que carinhosamente nos chamávamos) a Ana Paula, a escrever com os sentimentos da sua bela alma luso-brasileira As dobras da paixão. Assim, este grupo se transformou neste blog que retorna, como um mito do eterno retorno, ou como algo que estava recalcado no inconsciente, aos textos que sempre nos enlaçaram, nos recriaram e, que agora, trans-bordam. 

Outra parte de mim, mas não menos importante, agradece a Eugênia Ribas Vieira (editora da Rocco e que também escreve no blog Editoratrix), ao incentivo para que eu fizesse um blog e publicasse meus textos. 

Carlos Eduardo



As dobras da paixão

 

Ana Paula da Costa Gomes

 

Nos primórdios

Do amor e do ódio

São as entranhas do teu corpo

As dobras da paixão

Percorridas nas minúcias

Pelos meus dedos

Entre pernas, braços, pescoço

E as delícias do teu baixo ventre

Vem, entre

 

Vem o tempo, contratempo

Que se esvai entre os dedos

Que não mais te percorrem

Mas te prendem

E se desdobram

Na procura do cheiro

De paixão já vivida

Agora adormecida

 

São as dobras

Que se desdobram

E não se dobram

Com o tempo

Com os dedos

Que se diz dobra

De uma paixão.

7 comentários:

Anônimo disse...

Querida Ana, queria ser mesmo a primeira a te saudar aqui nestas linhas. Que alegria te ver deslizar pelas veredas que abrimos, pelas "dobras" que vamos expondo assim, timidamente, femininamente...só uma mulher sabe , de verdade o que é uma paixão! Os homens, os mais sensíveis e de alma embriagada de poesia, chegam perto do que sentimos na paixão! E vc perfuma o leitor maravilhosamente bem com a sua.
Abraços, muitos, e parabéns pelo belíssimo texto,
Adriana.

Anônimo disse...

Eduardo,
este blog é a certeza de que nosso "Veredas" marcou profundamente de encanto, leituras e poesia a vida de todos nós, veredianos, que agora se une a Claudia, Michelle, e quantos ainda percebam que a vida só vale a pena qd a enchemos de poesia. Que bom que vc existe e fez esse blog existir também!
Abraço grande, da verediana(adorei a história da batuta suave-lírica),
Adriana.

celeal disse...

É Adriana,
De homens, só mesmo o Tirésias (das Tragédias Gregas)e o Orlando (da Virgínia Woolf)para saberem o que é esta tal de 'dobras da paixão' do feminino. Putz, e ainda mais no plural...rs.

Anônimo disse...

Eduardo,
larga de ser implicante...e irônico.Eu abri uma exceção para os homens sensíveis e para os poetas...rsrsrs.
Bj

Paula Saraquine disse...

Querida Ana Paula, que saudade!
A força das sensíveis e delicadas palavras escolhidas, cuidadosamente, por vc nos desdobram e nos encantam. Que lindo!
Bjs

Ana Paula Gomes disse...

Queridos Adriana, Paula e Carlos Eduardo:

Muito da aventura da escrita se deu nas veredas de nossos encontros. Vcs sabem mto bem o quanto foram importantes nesta via, que agora se desdobra.
Grande bjo cheio de saudade....
Ana Paula

Unknown disse...

talvez paixão seja privilégio de almas gulosas e estas existam independentemente de sexo.O humano sempre pode derrapar nas curvas da paixão......Ana Maria