Eros e Psiquê
Do que sei sobre o amor? Um nada, um grão de areia ao vento. E, no
entanto, ele sempre esteve em mim desde antes de Adão e Eva. Estava lá no
silêncio do nada que não havia. Pois antes de existir a forma que hoje chamam
Universo, lá estava o amor. Estava no escuro do silêncio. Nas franjas do mundo
por existir ele também estava. Era o gênesis do Gênesis. Estava encoberto por
uma névoa-nada e nem era Eclesiastes, O-Que-Sabe. Pois o amor não era
sapiência, mas também ignorância não havia. Era amor em estado puro, nascente
de si próprio. O amor gerou-se como uma máquina anti-autofágica. Dele se fez a
luz que banhou as sombras. Dele se fez a lua para os amantes e a cama para suas
necessidades. O amor se fez de perfumes das matas e orgias das espumas alvas
dos oceanos. Fez seu nome morar dentro das conchas e receber em sua cona o mel
que embriagou os cantores do amor trovadoresco.
O amor inaugurou o coração dos loucos e estes deliraram por suas amadas. Veio
com a força dos animais e se instalou no lado esquerdo do peito inaugurando o
que hoje chamam de coração. Antes do amor este não havia. O que existia era um
buraco negro que hoje ocupa os desvãos das galáxias. Estes restos foi o que nos
chegou aos dias de hoje. Fragmentos de uma e história sobre a história do amor
que existiu antes de toda Existência.
Esta é sua eternidade. Meu grão ao sabor do vento. Ele foi. Ele é. Ele
será?
Ah, meu amor, isto só depende de nós dois...
Um comentário:
Que o amor seja, simplesmente. Atemporal e decisivo. Lindo texto!
Bjs
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