
terça-feira, 29 de setembro de 2009
palavras

segunda-feira, 28 de setembro de 2009
A gravidez de Maria

JOSÉ
Olhos cobertos de lágrimas
ombros curvos/contrito
asfixiado,
mãos atadas
pelo destino
que era, é e será.
Pouco a fazer
pelo filho
ali exposto
quase nu
ensanguentado
mãos perfuradas
olhos ao céu,
arregalados;
‘Pai, por que me abandonaste?’
gritava o filho,
condenado.
E ele,
José,
ali, ali para sempre,
perguntava
porque seu filho
não o fitava.
Por que não era ele?
Por que não era?
Por que não?
Carpinteiro,
lançou
último olhar
para a lasca
de vida
pendurada.
O filho em cruz,
suspenso no ar
e o pai,
ínfimo na terra,
porque o filho
agiu, agia e agirá
deste modo.
Por dentro,
o pai gritava
silencioso:
filho, por que me abandonaste?
sábado, 19 de setembro de 2009
O triângulo amoroso

quarta-feira, 16 de setembro de 2009
O prisioneiro
domingo, 13 de setembro de 2009
Saudade

sexta-feira, 11 de setembro de 2009
RefleXos da Bienal

quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Espelhos de primavera
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Poesias num feriado: Debaixo do vento / Amor eterno / Then I close my eyes
Debaixo do vento
Jardín perdido,
arena, viento, nada.
Te he conocido.
Adolfo Bioy Casares
Quando escorria um vento
Dizia-se e já se foi.
Um dia num jardim secreto
Repleto de ousadias
O vento testemunhou uma saia
Repleta de fantasias.
O segredo deixou suas pegadas
Entre vadios que não pisavam
E o frio dos pensamentos
Que não deviam.
Escorreu o que não escorria
A saia de vestir e a serventia
Tudo servia
À menina do vestido
Que do vento sabia/
Que escorria por entre seus jardins secretos
Suas frestas e fantasias.
Quis assim o diabo-destino
Duas mãos enterrarem
Sob o vento/
As saborosas maledicências
Durante um indeciso desacordo.
No jardim secreto/
No jardim secreto/
Escorria uma fantasia
Entre mãos trêmulas
Por debaixo do vento/
Quatro mãos ensaiavam
Percorrer/
Lívidas/
Por onde escorria a fantasia.
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Amor eterno
Na sexta-feira jurei amor eterno
No sábado propus-lhe casamento
No domingo nos separamos
Porque era véspera de segunda.
Deixei escapar os dias
Deixei escapar os santos
E todos os demais feriados enforcados.
Um ano inteiro se passou/
Não foi só uma sexta ou um fim de semana
Na verdade perdi o sem fim dos dias.
Foi bem no fim da vida que lhe fiz outra proposta:
Morre amanhã comigo?
Deu-me um tapa na cara na frente de nossos netos.
Todos riram e pensei em bom caduquês:
Então amanhã choro intransitivo.
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Then I Close My Eyes
(sob uma música de David Gilmour)
Enquanto o mundo se diverte
Entre atos e calafrios
O destino pune
Mal acordo/
Mal os instantâneos/
Males oblíquos à revelia
Enquanto isso.
Enquanto o mundo acorda
Teu olhar sonha sem mim
Por onde caminhará
O lençol do horizonte
A roçar sua pele azulada
Fria/
Rio entre pedras
Por onde caminhará
Fria/
Nua, as palavras.
Enquanto fecho meus olhos
Você dorme longe sem minhas palavras
Azuis/
Silêncio.
Então fecho meus olhos
Para ver o que nunca soube
Sobre encantos e partidas.
Entretanto/
Entre árvores e lilases
Coices reverberam inúteis/
Extemporâneos, enfurecidamente cegos
Azuis lábios/
Carnudos quase ensanguentados.
Enquanto o mundo se diverte
Entre atos e calafrios
Teus olhos frios
Azuis/
Tua pele/
Tua pele/
Tua pele/
Só encantos e partidas.