Das palavras não guardo distância alguma. Nem quero porque quando quis me perdi. Foi assim: era criança e não sabia da carência da palavra em não ser escrita ou escutada. Entrei matadentro e não ouvi quando meu vô me chamou. Fui ganhando terreno, mas perdendo em referências. A voz do meu vô era bússola para mim. Sem norte, a noite avançou e comecei a distanciar-me de mim. Ao longe ouvia um cachorro uivar. Tive medo. Medo porque não tinha mais com quem falar. Então, comecei a falar comigo mesmo e a escrever na terra o que eu não sabia. Foi o que me salvou. Deste dia em diante não parei mais de inventar histórias (que me servem de bússolas) e de escrevê-las. Meu vô, onde estiver, ainda ri das minhas sandices.
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10 comentários:
Carlos Eduardo
Estou aqui sentada com um sorriso no rosto...
"Deste dia em diante não parei mais de inventar histórias (que me servem de bússolas) e de escrevê-las."
O escrever é uma bússola ímpar.
bjs
Anne
O que vejo num texto como esse? Vejo um menino com olhar aflito pedindo colo, sem palavras.
Gosto muito da imagem do seu vô. Ele existiu ou vc inventou?
Bj
Adri
Anne,
Escrever é nosso prazer diário.
bjs
Adriana,
O vô existiu mesmo, mas não sei mais a diferença entre ficção e realidade.
Bjs e obrigado pela tua sensível (sempre) leitura.
Edu
Palavras, histórias, refúgio.
Como é bom termos estes lugares para estar em qualquer tempo.
E você nos proporciona ótimos passeios com suas palavras-histórias.
É muito bom.
Abçs,
Renata
De pequenos traçamos a vida que levaremos: assim como trazemos prazeres e sonhos, trazemos culpas e mágoas. Uns tentam esquecer algumas coisas praticando esportes; outros viajam, enquanto outros passam a vida sem nada fazerem a não ser incomodar. E outros, escrevem para colocar em poucas linhas seus sentimentos, suas saudades, suas ânsias. De todas, acho a mais criativa, a que realmente acrescenta alguma coisa. E não impõe limites. Talvez esta escolha nos proporcione um tempo maior para sermos mais felizes.
Beijos
Tais Luso
Renata Zoet,
Obrigada pelo teu carinho e leitura,
Carlos Eduardo
Tais, a palavra é um ato criativo e para me recriar a cada dia. Agradeço e concordo com tuas palavras:
"De todas, acho a mais criativa, a que realmente acrescenta alguma coisa. E não impõe limites. Talvez esta escolha nos proporcione um tempo maior para sermos mais felizes."
Bj,
Carlos Eduardo
Partilho da tua visão da palavra: sem ela não nos aproximamos da verdade das coisas (nem de nós mesmos!).
Belíssimo Blog!
Abraços!
Obrigado pelas tuas palavras e sua leitura, Analu.
Seja sempre bem vinda.
Abraços
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