sexta-feira, 16 de novembro de 2012

João e Maria





João e Maria 

Maria deixou a alça do vestido cair revelando o ombro nu. João estava imóvel. Não seus olhos que não tiravam o olhar daquela proximidade tão distante. João era tímido. A pele de Maria convidativa. Ela deu-lhe um meio sorriso pirandelliano. Aquilo era um sinal. Havia de ser. Tomou coragem, a perna tremeu e com suas mãos de menino levantou novamente a alça sobre o ombro. Tolinho, foi o que ela disse. E, como que por um inexplicável mistério, a alça tornou a cair desta vez mostrando quase o seio. 
Naquele momento João descobriu que não era mais criança. Estava tomado por uma excitação banhada na alegria da tristeza.

Tentou rezar um pai-nosso, mas deu um branco e esqueceu o resto da oração. Deveria ter alguma coisa mais depois do “perdoa as nossas ofensas...”, mas a língua travou dentro do peito em chamas. Aproximou-se um pouco mais de Maria. A respiração dos dois embaçava a visão. O que parecia inevitável estava para acontecer. Maria, com os olhos fechados, ofereceu-lhe a boca úmida, os lábios rosados.  A outra alça caiu. Agora, apenas o decote segurava o que precisava ser feito. Suas mãos trêmulas tocaram os seios por cima do vestido. Maria não recuou. Eram macios, firmes e parecia que iam explodir dentro do vestido. João encostou sua boca no lábio inferior de Maria. Ela fechou sobre os dele. Arriscaram a falar a mesma língua. Não foi preciso traduzir, pois o que sentiam era a única e mesma coisa. Porém, para aquilo ainda não havia nome que coubesse na ardência juvenil.
 A pródiga incerteza do futuro avançava em suas direções...

2 comentários:

Aliandro Oliveira disse...

Gostei muito do texto João e Maria.
é muito brilhante notarmos como não damos conta das nossas emoções em determinados momentos da vida. A emoção boa que vem do amor é difícil de colocarmos um entrave ela vem de repente " não mais que de repente"
Parabéns
FiM
Sou Aluno de psicologia da FAMATH e também gosto de escrever.
Meu nome Artístico é Aliandro Oliveira / e Aliandro Oliveira Miudinho facebook

Anônimo disse...

"Estava tomado por uma excitação banhada na alegria da tristeza"

boa maneira de dizer isso. gostei!