domingo, 17 de março de 2019

Memento mori






Memento mori

O exato instante, momento último, com certeza único, porque jamais se repetirá. O instante-já em que o pincel na mão firme do homem irá encontrar a tela virgem. O momento mágico que antecede ou a queda ou a aurora. O lugar das coisas do futuro. O tempo e o espaço eclodem no mesmo ritmo. Absolutamente, ninguém sabe o que virá. Ancorados na iluminação das cores, a mão e seu pincel sabem sobre a incredulidade das cores e os mistérios do encontro como se fosse o primeiro beijo.
Penso nas mãos dos grandes mestres à procura deste instante-já. Penso em Dalí, Van Gogh e sua louca doçura, Rembrandt, Girotto, Sandro Botticelli, Francis Bacon, ah, a angústia de Bacon, Klimt, e mesmo a mão de Mozart segurando um lápis diante da pauta em branco.
Este instante-já, tão clariceano, me atinge como um raio que fere fundo o oceano sem fim.
A arte por fazer, a vida por viver e a pulsão por sublimar.
Carlos Eduardo Leal

Nenhum comentário: