Um
conto de Natal
Noutro
dia vi uma criança abandonada. Mendiga da vida. Desagasalhada de pai e mãe. O
frio que ela sentia podia ser notado em seus olhinhos assustados. Aproximei-me devagarzinho.
Você quer alguma coisa? Perguntei. Tenho sede. Dei-lhe água. O que você quer
mais? Tenho fome, respondeu. Dei-lhe de comer. Por fim, perguntei: qual o seu
nome? Jesus.
Com
lágrimas nos olhos, pensei que era ele que deveria estar me dando o que beber e
o que comer, assim como Jesus Cristo havia feito com a multiplicação dos pães e
dos peixes. Num gesto espontâneo, estendi-lhe a mão e disse: venha!
Não
posso, foi sua resposta. Estou esperando pela minha mãe. Ela está aqui? Vai
chegar, tenho certeza. E, já temendo pela resposta, perguntei qual era o nome
dela. Maria. E o teu pai? Meu pai morreu, mas tenho muita saudade dele. Ele
continua vivo em mim. Disse o menino agora com sua vozinha embargada. E, já com
o coração aos sobressaltos, resolvi perguntar qual era o nome de seu pai.
Então, pela primeira vez ele olhou bem dentro dos meus olhos e disse: Mas até
hoje você ainda não sabe?
Que
o espírito do Natal possa estar em cada um de nós e em todos os seres humanos que
muitas vezes são invisíveis a nós na correria da vida.
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