sexta-feira, 6 de dezembro de 2013



Um conto de Natal

Noutro dia vi uma criança abandonada. Mendiga da vida. Desagasalhada de pai e mãe. O frio que ela sentia podia ser notado em seus olhinhos assustados. Aproximei-me devagarzinho. Você quer alguma coisa? Perguntei. Tenho sede. Dei-lhe água. O que você quer mais? Tenho fome, respondeu. Dei-lhe de comer. Por fim, perguntei: qual o seu nome? Jesus.
Com lágrimas nos olhos, pensei que era ele que deveria estar me dando o que beber e o que comer, assim como Jesus Cristo havia feito com a multiplicação dos pães e dos peixes. Num gesto espontâneo, estendi-lhe a mão e disse: venha!
Não posso, foi sua resposta. Estou esperando pela minha mãe. Ela está aqui? Vai chegar, tenho certeza. E, já temendo pela resposta, perguntei qual era o nome dela. Maria. E o teu pai? Meu pai morreu, mas tenho muita saudade dele. Ele continua vivo em mim. Disse o menino agora com sua vozinha embargada. E, já com o coração aos sobressaltos, resolvi perguntar qual era o nome de seu pai. Então, pela primeira vez ele olhou bem dentro dos meus olhos e disse: Mas até hoje você ainda não sabe?

Que o espírito do Natal possa estar em cada um de nós e em todos os seres humanos que muitas vezes são invisíveis a nós na correria da vida. 

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