segunda-feira, 30 de julho de 2012

Minhas palavras não caem do céu


Marc Chagall


Minhas palavras não caem do céu.
Minhas palavras nascem entre musgos e terra preta.
Não é matéria comestível, mas dela me alimento todos os dias.
Há orgulho, pois são minhas. Há tristeza, pois mal as escrevo e outros a levam em seus olhos.

Minhas palavras não caem dos céus.
Brotam dos horizontes.
Há alegria, pois meus dentes as mastigam sem purificá-las.
São o que são. Corto, retifico-as, degrado, amarro-as em feixes de pensamento e as coloco nas asas dos meus sonhos.

Minhas palavras não caem do céu.
Singram mares bravios. Cheios de ondulações nas estrofes.
Há tesão, pois elas me excitam. Rasgo o véu e desvirgino suas métricas. O suor entre o lápis e o papel enruga os caminhos da leitura.

Minhas palavras não caem do céu.
Então por que você não as ampara em teus olhos? Acolha o que de mim transborda?
Porque minhas palavras só podem brotar para você.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossas palavras não caem do cèu
Caem de nossa mais pura vontade
De se expressar e dizer o que sentimos
Caem de dentro para fora submergindo
Caem derramendo sobre o vale tudo o que temos e não temos
Caem ruborizando na madrugada o silencio que em nos repousa.