Evinha ainda não tinha nem seis anos e já subia em todas árvores do sitio de seu vovô. Eram as árvores mais altas do mundo. Se bem que naquela época o mundo era o sitio. E isso já era muito. Sempre muito arteira e bem mais tagarela que seu irmão mais velho, Adãozinho. Era assim: ele inventava o nome, por exemplo, de um animal e daí ela saía inventando que o animal tinhas as cores mais reluzentes do planeta, que as unhas dos animais eram assim e assado, que os machos eram mais bonitos, etc. Ou seja, coisas que Adãozinho nem dava bola. Coisa que ele também não tinha e como não sabia o que era não dava falta. Sentia falta do silêncio, isto sim sabia bem o que era antes de sua irmãzinha nascer. Só existiam sons dos animais, mas depois que ela nasceu sua vida nunca mais foi a mesma. Seu sossego acabou. Mas, certa vez ele pensou a vida sem ela e sem saber porque, teve a pior tristeza que já sentira em toda sua pequena existência. Acostumara com aquela menina tagarela. Ruim com ela, muito pior sem, pensou andando pelo Jardim. Certo dia Evinha resolver comer uma maçã proibida. Ela perguntou por que não podia. Porque não. Foi a resposta. Não se deu por satisfeita, ou melhor, ali ela inaugurava toda a genealogia das mulheres histéricas insatisfeitas. E como a resposta não foi convincente, ela se convenceu e de quebra ao Adãozinho, de subirem na macieira e saciarem a curiosa fome que sentiam. Se fartaram. Dormiram.
Quando Adãozinho acordou seu pai gritou-lhe: Newtonzinho, venha cá meu filho. Adãozinho que agora era Newtonzinho não se deu por vencido e continuou deitado embaixo da árvore, na sombra fresquinha daquele verão. procurou por Evinha, mas não encontrou explicação para seu sumiço. De repente Newtonzinho agora queria explicação para tudo porque ele sentia uma Força de Atração muito grande por aquela menina que pensava que fosse sua irmã, mas não era. Ah, como não era. Não era. Portanto, como.
E lá estava nosso amiguinho quase cochilando debaixo da árvore quando de repente...Bum! Viu cair uma maçã bem perto de onde estava. Putz! pensou. Ainda bem que não era uma jaca. Mas, peraí. Por que a maçã exerce sobre a terra o mesmo efeito que Evinha exercia sobre mim? E não parou mais de pensar. Pensou tanto que resolveu cortar a maçã ao meio. E, como não era muito bom em cortes musicais, quer dizer, maçãzais, chamou seus melhores amigos: e vieram, Joãozinho, Paulinho, Georginho e Ringuinho. Gostaram da ideia da maçã cortada ao meio e colaram no meio do disco que fizeram. Acharam aquilo bonito e não pararam mais de fazer música. Neste meio tempo, Branca de Neve, uma amiguinha de nossos amiguinhos foi comer da maçã e quase teve um catiripapo. Tava envenenada.
Mas parece que realmente havia uma Maldição da Maçã, como ficou conhecida. Evinha e Adãozinho foram expulsos do sitio do seu avô, Newtonzinho quase morreu quando a maçã caiu-lhe na cabeça. Joãozinho levou um tiro nas costas e Georginho morreu de câncer. Ringuinho não sabia cantar e Paulzinho vendeu a tal da maçã para Michaelzinho que morreu de overdose de brancurite aguda no miocárdio. (A parte interna da maçã é fatal é o que dizem).
E agora o Stevenzinho, um bom menino, mas que ousou morder um pedaço (puxa, meu deus, era só uma mordidinha!?) da maçã e morreu também de câncer tal como o Georginho.
Tô preocupado. Minha mamãe comprou uma cesta de maçãs para fazer uma torta. Será que devo comer?
8 comentários:
Esse vai pro Twitter. :) Abraço!
Nunca imaginei a História enlaçada pela maçã, texto magnífico.
Sem Steve, menos um pedaço na maçã da Humanidade.
Obrigado, Carla.
Pena eu não ter twitter.
Abraços
Pois é Vinícius,
Êta frutinha proibida!!!
rs
abraços
Carlos Eduardo rsrsrsrsrsrs E tudo que é proibido é tão bom... :-)
beijão
Anne
Claro que sim, Anne.
Bjs rrssrs
Esse é um conto POP!
Muito bem sacado, entrelaçamento incrível.
Ironia Fantástica!
Spooky...
Evinha... "ruim com ela... muito pior sem ela..."
O que tem nessa maçã?!...
Bjs
Mabel.
Mabel,
Pois é, êta maçãzinha para dar o q falar...rs
Bjs
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