sábado, 16 de julho de 2011

Corpo

Salvador Dali 


Descobri que tenho um corpo
Há uma parte do lado de 
Dentro
E outra
Fora.

A parte de dentro
Move-se sem meu consentimento
A parte de fora
É mais estúpida
E, muitas vezes
Pensa que é
Mundo.

Quando eu morrer
A parte de dentro
Irá se juntar ao 
Mundo.
Mas, em compensação
A parte de
Fora
Já não estará
Nele. 

Há certas desvantagens
Na parte de dentro do
Corpo.
Adoece e a gente não 
Vê /
Sente.
Há certas desvantagens na parte de
Fora.
O outro sempre pensa que este lugar é dele:
Conclusão? Desconforto.

Meu corpo de fora move-se em direção a 
Outro.
O corpo de dentro
Arrepia.
O corpo Dela olha, desvia, mas
Vem. Vem!

O corpo de dentro parece estar 
Maior do que o corpo de
Fora.
Não só o meu.
O Dela também. 
Cresce a cada dia, mês a mês.
Até que o corpo de dentro
Dela
Salta para
Fora.

O meu continua:
Enorme, transbordante. 
O corpo de dentro
Sorri.
O corpo de fora
Chora.

8 comentários:

Anne disse...

Ai ai ai... "O corpo de dentro sente" e como sente e o de fora disfarça!

Adorei este teu momento poeta :-)

bjs
Anne

Renata Vilanova disse...

Esse corpo de dentro que transborda sempre..... que texto lindo e que imagem perfeita para ilustrá-lo. Esse casulo, meio ovo, meio desconforto, meio rachadura, meio útero... Sensação de ficar e ir, de silenciar, e explodir.

:: mar.cele linha.res disse...

[um suspiro]

bjos, marcele.

Anônimo disse...

Muito bom!
Elaine Pauvolid

Camponesa de nobre coração disse...

Muito bom!

Camponesa de nobre coração disse...

Vc gostou da Adele? Que bom! Eu conheço a Ana, foi por causa dela que descobri seu blog. É só você perguntar quem é a mãe da Gabriela que ela logo vai falar.

Anônimo disse...

A sombra vai depressa. O coração é que vai devagar. Corpo de fora. Corpo de dentro: cindido.

Rosi Rodrigues disse...

lindo!! Quanta sensibilidade com as palavras! Bjs