A vida corre sem mistérios, sem riscos e, por isso mesmo, monótona, entediante. Jenny (Carey Mulligan), uma jovem de 16 anos quer ir para Oxford estudar literatura inglesa. Questiona seu destino de mulher: sua perspectiva é que sucumbirá sem esperanças como mais uma professora de Letras. Toca violoncelo como hobby, mas é através deste instrumento na chuva que ela conhecerá David (Peter Sarsgaard), um homem com o dobro da sua idade que "oferece carona ao cello". Sedutor, apresenta uma outra vida a jovem adolescente. Com um tom bem mais ameno do que o Marquês de Sade descreveria a iniciação de uma menina na vida adulta. Do glamour das noites de música clássica em Londres dos anos sessenta, das casas noturnas de jazz e os luxuosos leilões, até a conivência com as transgressões de seu sedutor, Jenny oscila entre a educação formal e a aprendizagem da vida que é mais curta e bem mais divertida, folhetinesca. David 'perverte' não só a menina como também encanta (fascina) seus pais. O fascínio é também um fetiche: feitiço que encanta e atordoa os sentidos.
Se perverter é uma errância de caminho, o filme Educação (Dir. de Lone Scherfig, com roteiro de Nick Hornby) não mostra maquiavelicamente o que é certo ou o que é errado. Ele não cai neste clichê. Apenas diz que na vida a escolha é de cada um e que todo um curso de vida, bem o sabemos, pode desabar para outros destinos como um cisco que cai nos olhos, turvando-os em relação à antiga realidade. Um pequeno desvio inicial, nos lembram os montanhistas, pode fazer com que nos desviemos muito da nossa trilha original. Se vamos nos perder ou nos encontrar em novas bifurcações, só o tempo de caminhada dirá.
Na vida não há atalhos, porque até estes também são cursos da vida. Se é para ser vivida ou como ela será é que conta o desejo de cada um. Jenny é uma menina de seu tempo e seu tempo será o de ser mulher. Sobre isso ela não abre mão e não cede em seu desejo.
13 comentários:
lindo filme! jenny compreendeu cedo que a vida é assim, como ela é...comme il faut...sorte dela! o resto ela vai descobrindo depois...ou como diria o poeta espanhol Antonio Machado: "Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar". bjo
Carlos Eduardo
Volto de um fim de semana encantador e encontro esta tua descrição fantástica... Não vi o filme, mas fiquei com vontade. :-)
O caminho da vida vai se fazendo ao sabor dos momentos, SE deixarmos...
Beijos
Anne
Carlos
Que barato o seu post. Parabéns.
Um beijo,
Eugênia.
Carlos Eduardo,
Fantástico!
Não sei, ou não sei se cabe comentar detalhes...
...achei muito, muito sensível e bem colocado.
O Caminho, em poucas palavras...
PS Fiquei bem a fim de ver o filme...
Beijos,
Mabel.
Excelente comentário.Valeu!
É bom demais conversar sobre filmes .Frequento um blog...Tertúlias assinado pelo Ricardo queé uma delicia para quem ama a sétima arte.
Com admiração,
Cris
Também adorei o filme!
Bj
Adri.
Oi Carlos,
Desconheço esse filme, mas concordo que optamos na vida ora por caminhos, ora por atalhos.
Beijos,
Ana Lúcia.
Prof. que prazer! Ainda não vi o filme, mas já está anotado.
Bjnhos
Anete
Oi, Carlos Eduardo!
Gostei demais de sua resenha de "Educação". Infelizmente, esse filme ainda não chegou aqui no interior - que só conseguiu ser desbravado por "Amor sem escalas" e companhia... Seu texto mais que o recomenda! Com certeza vou vê-lo quando ele aparecer por aqui.
Obrigada por ler meu post! O filme da Sandra também não chegou ainda a Campinas. Estou curiosa pra vê-la. Avatar é fenomenal em 3D. Recomendo-o por sua qualidade visual!
Bjos e até logo
Dani
De tantos comentários interessantes e a sua descrição do filme, vou logo a locadora para ver. Isto é uma escolha! Como tudo na vida me parece ser...
Um abraço
Oi Carlos Eduardo.
Venho me encontrando com tuas opiniões em alguns blogs desta nossa vida literária.Bom isso!
Não assisti Educação. Niterói anda pobrinha de cinema. De qualquer forma tuas colocações fazem muito sentido. EducaçãoxAprendizagem: duas palavras desgastadas e que,no Português, podem ser ainda mais complicadas.
Queria poder me estender mais ......
Ótimo texto sobre um filme muito bonito... Mas não concordo (com o filme) e acho que ele seria melhor se fosse mais sobre escolhas de um modo geral. O rumo que toma o filme é o mais moralista possível e me deixou completamente decepcionado, eu esperava muito mais de Nick Hornby.
Muito bom o filme, já assisti e realmente é incrível...uma lição de vida para moças jovens!!!
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