domingo, 7 de junho de 2015

O livro e o leitor


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Estava passeando dentro de uma livraria (coisa que faço religiosamente ou compulsivamente, dependendo da fé neurótica de cada um) quando de repente um livro soltou-se da prateleira e se jogou nos meus braços.
- Não te quero. Nem te conheço. falei com determinação.
- Por favor, leve-me contigo. suplicou o paginado.
- Diga-me uma boa razão. Apenas uma e vou contigo direto ao caixa e de lá para casa.
- Abra-me na página 386.
Aquilo me intrigou muito. Olhei para um lado e para outro. Só agora me dera conta do inusitado da situação. Jamais havia visto cena como aquela. Nem soube de um livro que se joga como um suicida da prateleira nos braços do leitor. Comecei a ficar nervoso pensando ser algum tipo de delírio meu. Certifiquei-me de que o livro ocre-azulado de capa de baixo relevo, estava realmente em minhas mãos. Deveria ter uma 600 páginas. Não gosto de contar páginas de um livro. Por respeito ao autor e pelo medo de a alma não aguentar e ler a frase final. Contenho-me neste ponto e simplesmente vou lendo. Mas este havia me intrigado.
As pessoas continuavam a circular como se nada de muito estranho não houvesse ocorrido. Olhei para o vendedor com o crachá e parecia que nem havia notado o fato.
Cuidadosamente, e agora com as mãos um poco trêmulas, fui correndo com os dedos a lombada como se pudesse adivinhar de sobressalto a página indicada: 386.
Levei o livro para um canto da livraria onde havia uma poltrona destinada a leitores de orelhas e prefácios.
Sentei e procurei como quem procura um misterioso tesouro pela tal página indicada para mim.
Li com muita atenção sem parar para respirar. Na verdade, ao final da página, meu coração disparou e o ar parecia faltar como a um asmático.
Fechei o livro e os olhos, agora úmidos, acompanharam o movimento do livro.

Um comentário:

psicobeleza disse...

Olá amigo! Gostei do teu blog e virei outras vezes! Um imenso abraço para ti!