tag:blogger.com,1999:blog-5615285163383369496.post2490934169562593606..comments2023-10-21T00:41:15.892-07:00Comments on Veredas: literatura e psicanálise: A Janela Contocelealhttp://www.blogger.com/profile/14895619868876809033noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-5615285163383369496.post-18016750611196360032009-02-11T02:43:00.000-08:002009-02-11T02:43:00.000-08:00Adriana,Seu texto é belíssimo. Esta é realmente a ...Adriana,<BR/>Seu texto é belíssimo. Esta é realmente a ideia deste blog: que desperte outras leituras, outros textos, outros escritos. Que sejam escritos dos escritos, palavras das palavras, sentimento dos sentimentos, espanto diante daquilo que nos assombra, emudece, reverbera. Como gostavam de dizer os filósofos antigos sobre a realidade do mundo que se descortina diante de um olhar perplexo. Estar neste estado de 'espanto' é estar aberto ao mais da vida, para pensar em Artaud e no seu texto sobre van Gogh (Van Gogh: o suicida da sociedade).celealhttps://www.blogger.com/profile/14895619868876809033noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5615285163383369496.post-46545975413793442452009-02-10T15:47:00.000-08:002009-02-10T15:47:00.000-08:00Eduardo, inspirada neste seu conto, fiz um outro, ...Eduardo, inspirada neste seu conto, fiz um outro, com uma narradora a encontrar o seu...<BR/>Espero que goste. Aí vai ele.<BR/> <BR/> DISTÂNCIA<BR/><BR/><BR/><BR/>Ali na praia, naquele dia quente, eu brincava com meus filhos. Com um corpo maior do que eu planejara ter em minha juventude, eu mastigava com culpa um risole esfarelado que minha tia, cozinheira tão esforçada – mais esforçada do que boa, a bem da verdade – havia preparado para o farnel do dia. Um dia que se prolongaria para sempre em mim.<BR/>Envolvida em fazer cada filho calar e comer, atenta ao homem que catava mariscos na pedra e a todos os ruídos que me cercavam numa sinfonia indefinida e desafinada, eu fui me abstraindo pouco a pouco daquele inferno e olhei, desafiando meu destino tão aceito há tempos de só olhar para baixo, olhei para o alto. Foi então que eu o vi. Claro, alto, atento, um homem me olhava de sua janela. Por que me olhava aquele homem, me perguntei assustada, temendo que percebessem meu transparente desconcerto. Era triste, distante, humanamente angustiado com alguma verdade sobre a qual eu me fazia instrumento. Ele retirava de mim cada detalhe, os movimentos, o risole esfarelado de minha tia cozinheira, os filhos, minha pobreza. Ele se alimentava da cena quente, suja da qual eu fazia parte. Então era isso. Aquele homem me olhava de sua janela. Lá do alto ele olhava e desejava a minha temperatura, os meus excessos, as minhas experiências, meus insucessos, meu corpo sujo de areia, prova real de que eu vivia. Mas ele me contemplava de sua janela, com medo de viver. De sua janela, ele se mantinha discreto, atento, à escuta dos sons imprevisíveis e surpreendentes.Não se sujava, não se envolvia, não se misturava, não vivia. Mas posso acreditar que sentia. Ah, como ele sentia. O seu rosto transparecia o desejo de estar ali comigo, sujo, provando do risole de minha tia cozinheira. <BR/>Alguns minutos se passaram apenas. Fui expulsa de minha contemplação tão suave daquele homem triste, cansado, encantadoramente solitário. O que se passava do lado de dentro de sua janela que o impedia a sair e se sujar de areia ficarei sem saber. Mas sua imagem se prolonga até hoje em mim, e numa espécie de sintonia oculta, rezo para que um dia possa encontrá-lo na rua e olhar dentro dos seus (meus) olhos.<BR/><BR/> Adriana Bittencourt GuedesAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5615285163383369496.post-74486814073712784732009-02-08T18:11:00.000-08:002009-02-08T18:11:00.000-08:00Esse conto é uma obra prima! Faz o leitor encaminh...Esse conto é uma obra prima! Faz o leitor encaminhar seu olhar pela janela do narrador com cumplicidade e curiosidade...<BR/>Parabéns, Eduardo.<BR/>Abraço,<BR/>Adriana.Anonymousnoreply@blogger.com